Problemas cardíacos em cães
Doenças cardíacas são bem comuns em seres-humanos, tendo uma relação direta com estilo de vida. Mas, pouca gente sabe que cães também apresentam com frequência problemas cardíacos e na maioria das vezes sem ligação com maus hábitos. Estima-se que aproximadamente 10% dos cães adultos apresentam alguma doença desse tipo. Em idosos esse número é ainda maior.
Conheça os problemas mais comuns e entenda porque em cães o estilo de vida não é o grande causador de doença cardíaca, mas como a dieta é capaz de ajudar no tratamento e prevenir complicações.
As doenças cardíacas mais comuns em cães
Para facilitar o entendimento, podemos dividir as doenças cardíacas de cães em 3 grupos: doenças valvulares, ou seja, nas válvulas que abrem e fecham durante o fluxo de sangue dentro do coração; doenças do miocárdio onde o tecido do coração se dilata ou perde eficiência contrátil afetando o órgão como um todo; e a Dirofilariose, causada por um parasita que se instala dentro do coração.
Doença valvular crônica
É a doença cardíaca mais prevalente em cães, e acomete cães de todas as idades e portes, mas é bem mais comum em raças pequenas com idade avançada. Chamada de doença valvular mitral mixomatosa, trata-se de uma degeneração em uma ou mais válvulas do coração, afetando geralmente a válvula mitral. Cada câmara do coração possui uma válvula unidirecional para impedir que o sangue flua para trás.
A válvula entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo é chamada de válvula mitral. Com o tempo, essa estrutura perde sua eficiência em impedir o retorno do sangue para os compartimentos do coração. Isso causa um remodelamento do órgão, aumentando seu tamanho e dificultando seu funcionamento, gerando a chamada insuficiência cardíaca.
Não existe uma causa conhecida para essa afecção, estando relacionada diretamente a componentes genéticos e ao envelhecimento. As raças Cavalier King Charles Spaniel, Dachshund, Pinscher, Poodle, Schnauzer, Cocker Spaniel e Whippet são as mais acometidas. Alguns tipos de infecção, principalmente na região bucal, podem ter como consequência uma migração das bactérias para o tecido cardíaco, levando a doença valvar.
Cardiomiopatia dilatada
É uma doença do músculo cardíaco, o miocárdio. Ocorre quando as fibras musculares do coração perdem a força contrátil, o que leva a uma dilatação ventricular e disfunções no ritmo cardíaco. Nessa doença, as paredes do coração se tornam mais finas, mas o coração como um todo fica maior. A cardiomiopatia dilatada é característica em cães de raças grandes e gigantes, como Dobermann, Terra Nova, Labrador, Boxer, além de ter o Cocker Spaniel como uma das raças com predisposição genética. Ocorre mais em animais de meia idade a idosos.
Cão da raça Terra Nova
Assim como a doença valvar, não está identificada uma causa clara, sendo uma doença primária do coração. Existem alguns fatores predisponentes, como má nutrição (deficiência de aminoácidos como Taurina), infecções e problemas genéticos.
Dirofilariose
O nome dessa doença vem do agente causador dela, o verme Dirofilaria immitis. Mais conhecida como “verme do coração” a dirofilariose é transmitida através da picada do mosquito infectado pelo parasita. Durante a picada, o mosquito libera larvas na corrente sanguínea do cão, que viajam até as artérias do coração e do pulmão, se fixando lá. A partir disso começa a reprodução dos parasitas, produzindo vermes adultos em grande quantidade. Quando um mosquito pica o cão infectado, ele adquire as formas imaturas do parasita que estão circulantes, se tornando um potencial transmissor e fechando o ciclo.
O cão é o principal hospedeiro, porém o gato e até o ser humano podem ser infectados, se tratando de uma zoonose. A distribuição da doença é mundial, porém com maior prevalência em áreas tropicais e subtropicais, com clima ideal para a reprodução dos mosquitos.
Cão tem infarto?
É possível ocorrer o infarto, ou infarte do miocárdio em cães, porém é muito raro. Em humanos, a principal causa de infarto é a aterosclerose, que é a formação de placas de gordura com endurecimento e entupimento dos vasos sanguíneos do coração. Cães e gatos, por serem carnívoros e se alimentam basicamente de alimentos de origem animal rico em gorduras, são naturalmente resistentes à aterosclerose. Seu metabolismo lida de maneira diferente com a gordura saturada, não precipitando a gordura nas veias. Por isso dissemos que nos cães o estilo de vida está menos ligado às doenças do coração que nos humanos.
Sintomas e consequências
Na maioria das patologias cardíacas os sintomas são os mesmos. Isso ocorre porque essas doenças causam uma insuficiência cardíaca que tem um curso parecido nas três condições que explicamos acima. O que vai determinar a gravidade dos sintomas e das consequências é o grau da doença em que o cão se encontra. No início e por um bom tempo (às vezes por anos) o próprio organismo é capaz de compensar os problemas que estão ocorrendo com o coração e impedir que o cão sofra qualquer sintoma ou dificuldade. Com o passar do tempo, as adaptações que o organismo faz para compensar as falhas do coração vão criar problemas também.
O sopro é um dos primeiros sinais de alterações cardíacas, mas só pode ser identificado por um veterinário. O tutor só vai perceber algo quando surgir um tipo de tosse onde parece que o cão está engasgado, ou uma dificuldade respiratória (chamada de dispneia) e intolerância a exercícios moderados. Esses são os primeiros sintomas evidentes, mas aparecem quando a doença já está relativamente avançada..
Acúmulo de líquido abdominal, fraqueza, falta de apetite, emagrecimento, perda de massa muscular e mucosas azuladas são outros sintomas e estão relacionados a quadros mais graves. A maioria das doenças cardíacas são crônicas e sem cura, levando a piora do quadro com o passar do tempo.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico passa por uma série de exames, e começa com a avaliação clínica do veterinário que vai examinar a condição física do animal e auscultar o coração e os pulmões. Os principais exames são:
Eletrocardiograma: detecta problemas de ritmo do coração, como arritmias;
Raio X: utilizado para avaliar a presença de líquido nos pulmões ou na cavidade abdominal, e para checar o tamanho e o formato do coração;
Ecocardiograma com doppler: verifica o movimento do coração e das válvulas, além da dinâmica circulatória no órgão. É um exame que utiliza o ultrassom para formar as imagens.
Esses são os exames específicos para diagnosticar problemas cardíacos, mas exames de sangue, de urina e aferição da pressão arterial devem ser realizados também como complemento.
Como a nutrição pode ajudar?
O manejo nutricional do cão com cardiopatia é fundamental. A nutrição adequada pode reduzir as complicações, melhorar a qualidade de vida, colaborar para uma progressão mais lenta da doença e por fim aumentar a longevidade do animal.
Na insuficiência cardíaca crônica, o organismo tenta manter a pressão arterial regulada, para assim o sangue circular adequadamente por todos os tecidos. Para isso, são ativados mecanismos compensatórios. Esses mecanismos ativados cronicamente irão gerar problemas levando à congestão e ao acúmulo de fluidos, pois retêm sódio e água. Por isso, o primeiro objetivo da dieta é compensar as alterações na retenção de líquidos através de modificações de minerais como sódio e potássio.
Outro objetivo da nutrição nesses casos é fornecer uma alimentação com energia, proteínas e nutrientes suficientes para o animal manter seu peso ideal, visto que é comum a perda de massa muscular e o emagrecimento progressivo na cardiopatia crônica.
Por fim, toda doença crônica causa uma inflamação com consequente estresse oxidativo (produção de radicais livres em excesso). A dieta deve fornecer antioxidantes potentes para combater esse quadro, reduzindo o processo inflamatório naturalmente.
Dieta específica para doenças cardíacas em cães
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