Nutrição da fêmea gestante

Um momento crucial na vida do animal é a gestação. Tanto para a mãe, quanto para a cria, essa fase é importantíssima. A cadela gestante irá gerar seus filhotes durante 58-63 dias, e a gata tem uma gestação um pouquinho mais longa, de 64 a 67 dias. Apesar de uma ótima nutrição ser necessária durante toda a vida do animal, na gestação e na lactação os cuidados na alimentação devem ser redobrados.

Antes da gestação

Antes de pensarmos em gestação, devemos nos preocupar com a condição de saúde da fêmea que irá se reproduzir. É necessário checar o escore de condição corporal. Tanto para a gata quanto a cadela, o escore deve ser 3, que significa peso ideal. Ao olhar o pet de cima para baixo, verifique se há a presença de uma cintura após a caixa torácica. Deve ser possível sentir as costelas ao apalpá-las, com uma fina camada de gordura sobre elas.  Nas gatas, uma pequena quantidade de gordura no abdómen é normal, já nas cadelas pode indicar um sobrepeso. Caso seu pet apresente ossos muito proeminentes, isto é, visíveis sem a necessidade de palpa-los, é sinal que ele está abaixo do peso ideal para a reprodução.

Animais abaixo do peso ideal terão problemas durante a gestação pela falta de reservas energéticas que irão cobrir os déficits calóricos que são normais nesse período, deixando a fêmea muito magra e afetando até a nutrição dos fetos. Já animais com sobrepeso têm uma maior chance de apresentar sérios problemas durante o parto.  

Não existe nenhuma dieta ou recomendação nutricional específica para a fêmea que irá para a reprodução planejada. O único ponto a considerar é a condição corporal. Caso o animal esteja mais magro ou acima do peso ideal, é necessário adequar essa condição antes mesmo da cobertura (acasalamento).

Necessidades energéticas da gestante

A fêmea em gestação deve receber uma nutrição mais rica tanto em qualidade, como em quantidade de nutrientes. Há um aumento da demanda metabólica, devido às mudanças fisiológicas na fêmea e às exigências para o crescimento dos fetos.  Vale lembrar que não adianta apenas aumentar a quantidade de calorias por si só, e sim aumentar proporcionalmente os macro e micronutrientes, como proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. A dieta deve ser de alta digestibilidade (proporção do alimento que é de fato absorvida e aproveitada pelo organismo), diminuindo a necessidade do animal ingerir quantidades muito grandes de alimento.

Aqui é importante ressaltar que há uma diferença entre as espécies canina e felina:

Cadelas: durante os primeiros 35-40 dias de gestação não é necessário mudar a dieta da cadela, caso ela já esteja com uma boa condição corporal (conforme explicamos anteriormente), e ingerindo uma alimentação completa e de qualidade. As primeiras 4-5 semanas de gestação correspondem a menos de 30% do crescimento dos fetos. Apenas no terço final da gestação é que ocorre um rápido desenvolvimento dos fetos, resultando num aumento do peso corporal da cadela em 25 a 30% até ao momento do parto.  Esse crescimento é exponencial, aumentando muito os requerimentos energéticos da fêmea gestante.

Gatas: diferentemente dos cães, as gatas precisam de um incremento na dieta a partir do início da prenhez, mesmo que estejam em bom escore corporal. Durante os primeiros dois terços da gestação, a gata acumula reservas de gordura que irão ser utilizadas na reta final da gravidez e na lactação.  Portanto, o acréscimo de calorias na alimentação deve ser linear nas gatas.

Necessidades nutricionais da lactante

Após a gestação, o aporte maior de nutrientes deve ser mantido. O período de lactação é o maior desafio nutricional de um animal, exigindo ainda mais das reservas energéticas. Portanto, a dieta deve ser mais densa em macronutrientes, como proteínas e gorduras. Quanto maior a ninhada, mais leite a mãe vai produzir, necessitando de mais nutrientes via alimentação.

Tanto os filhotes de cães como os de gatos podem mamar até a 9ª semana, porém já a partir da 4ª semana eles podem iniciar a ingestão de alimentos sólidos. Com isso, a tendência é cair naturalmente a produção de leite, reduzindo também esse alto requerimento de nutrientes. A dieta da fêmea pode ser ajustada levando essa questão em consideração, pois a fase crítica do ponto de vista nutricional já passou.

Qual alimento oferecer e como alimentar a fêmea gestante

A recomendação de qual alimento oferecer durante a gestação é normalmente a mesma: ração para filhotes. O produto desenvolvido para animais em crescimento contém maiores quantidades de nutrientes e de calorias (maior densidade energética) em uma mesma porção ao compararmos com os alimentos para animais adultos. Além disso, a proporção desses nutrientes também é diferente, com foco nos que são mais importantes para o crescimento do animal, já que a mãe está gestando animais em crescimento.

Já o manejo alimentar da mãe é diferente entre as espécies felina e canina. Veja a seguir:

Cadelas: No início da gravidez pode ocorrer uma queda de apetite, diminuindo a ingestão de alimentos. Caso isso ocorra, é importante aumentar a frequência das refeições.  Caso a cadela esteja com seu peso ideal e demonstre boa saúde, o oferecimento de ração de filhotes pode começar apenas a partir da 4ª ou 5ª semana. A partir deste ponto a quantidade do alimento oferecida deve ser aumentada. A Farmina disponibiliza nas embalagens de produtos para filhotes, uma tabela específica para fêmeas gestantes em terço final de gestação, com base no peso atual do animal, contendo a quantidade em gramas que o animal deve receber daquele alimento diariamente.

Quanto maior a ninhada, mais as necessidades nutricionais aumentam e menos espaço físico existe para o estômago na cavidade abdominal. Por isso é essencial dividir as refeições em porções menores e mais frequentes.

Durante o período de lactação, o consumo e tipo de alimento também é diferente. Podemos manter o mesmo alimento que o animal recebeu no final da gestação (normalmente um alimento de filhotes ou específico para gestação e lactação), no entanto, a quantidade a ser oferecida deve ser verificada individualmente.

Tanto a quantidade de filhotes na ninhada quanto o período de lactação em que a fêmea se encontra (semanas de lactação) interferem no consumo do leite pelos filhotes e produção pela cadela, por isso, essa informação deve ser verificada junto ao Médico Veterinário ou ao Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) da empresa. Como a demanda energética, de nutrientes e de água nesse período é muito alta, devemos estar atentos se o animal está mesmo consumindo a quantidade necessária para a produção suficiente de leite. Deixe sempre muita água a disposição da mãe, é fundamental para produção de leite.

Gatas: Assim que confirmar a gravidez da gata, comece a oferecer uma maior quantidade de alimento, usando o produto para filhotes. A recomendação de checar a quantidade na embalagem ou com o médico veterinário é a mesma nas gatas. Geralmente, gatos têm alimentos a sua disposição o tempo todo, regulando naturalmente sua ingestão. Se esse for o caso, continue assim. Fique atento em sempre limpar os potinhos de comida e descarte os grãos de ração que sobram e geralmente são recusados pela gata. Os felinos são muito seletivos, e podem deixar de comer somente pelo fato do alimento mudar de consistência, ou pela presença de formigas, por exemplo. Portanto, ofereça sempre o alimento fresquinho, em um potinho raso e largo, pois são os preferidos dos gatos.

No final da gestação é normal a gata reduzir temporariamente sua alimentação, pois o útero aumentado limita a capacidade do estômago. Nesse momento a gata utiliza suas reservas de gordura acumuladas durante a gestação. A partir da lactação, a recomendação é a mesma das cadelas. A dica é, mantenha as porções de alimento iguais, e aumente a quantidade de refeições. Para aumentar a ingestão hídrica da mãe, você pode oferecer alimentos úmidos prontos e até adicionar um pouco de água neles.

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